Nome: Rosette Batarda Fernandes
Nascimento: 1 de Outubro de 1916, Redondo, Portugal
Morte: 28 de Maio de 2005, Coimbra, Portugal
Naturalista do Instituto Botânico da Universidade de Coimbra – Investigadora Principal
Rosette Mercedes Saraiva Batarda nasceu na vila do Redondo (Alto Alentejo), a 1 de Outubro de 1916. Em 1928 inscreveu-se no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho e, em 1941, licenciou-se em Ciências Biológicas pela Universidade de Lisboa, com 18 valores.
Esse ano viria a ser determinante na sua vida, pois, em Junho, durante um Congresso de Ciências Naturais realizado em Lisboa, conheceria aquele que viria a ser o companheiro de toda a sua vida, o Prof. Doutor Abílio Fernandes. Passou então a residir em Coimbra, onde seu marido foi, desde Agosto desse ano, Director do Museu, Laboratório e Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. Em 14 de Novembro de 1947, viria a ser nomeada Naturalista dessa instituição, onde trabalhou toda a vida, tendo-se aposentado como Investigadora Principal.
Assumiu, com elevado sentido de responsabilidade, a sua carreira, tendo, entre outras tarefas, reorganizado o Herbário de Coimbra (COI) e actualizado a nomenclatura das plantas de Portugal e muitas das ex-colónias, e ficando responsável pela publicação do Index Seminum do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra.
Para além das numerosas expedições botânicas que Rosette Batarda Fernandes realizou em Portugal Continental, cabe referir, ainda, a que, em conjunto com a equipa do Laboratório de Botânica da Universidade de Lourenço Marques e com seu marido, efectuou em Moçambique, onde foram colhidas importantes colecções de plantas que viriam a enriquecer os espólios dos Herbários do Instituto Botânico de Coimbra e do Centro de Investigação Científica Tropical
De 1944 a 1991 participou em 41 congressos internacionais, realizados em Espanha, França, Reino Unido, Suécia e Portugal. Entre 1945 e 2000 publicou cerca de 250 trabalhos, abrangendo, sobretudo, o campo da sistemática vegetal, embora também se tenha dedicado, de forma meritória, à cariologia, à etnobotânica e à história da botânica.
Da sua vasta obra em fitotaxonomia, além de numerosas combinações novas, cabe destacar mais de meia centena de taxa novos para a ciência, alguns deles a nível genérico (ex. Gravesiella).
Como testemunho do apreço e admiração com que era tida, foram-lhe dedicadas várias espécies, entre as quais Marsilea batardae e Polypodium batardae. As publicações sobre cariologia das Angiospérmicas (entre as quais diversos taxa de Narcissus), foram, na sua maioria, editadas entre 1945 e 1947, em colaboração com o Prof. Doutor Abílio Fernandes.
Sobre a flora Macaronésica, devem-se-lhe 33 artigos relacionados com a taxonomia de um elevado número de taxa de Pteridófitos (p. ex.Asplenium e Dryopteris), e de Espermatófitos (p. ex. Alnus e Cucumis), publicados, na sua maioria, no Anuário da Sociedade Broteriana, Boletim da Sociedade Broteriana e Iconographia Selecta Florae Azoricae.
Quanto à flora da Península Ibérica, são de salientar os trabalhos publicados, entre 1993 e 1997, na Flora Ibérica (vols. III, IV e V), que incluem os tratamentos taxonómicos de 8 géneros pertencentes às Cruciferae, Crassulaceae, Curcubitaceae, e Malvaceae. No que respeita à flora da Europa, merecem especial destaque os trabalhos publicados nos volumes II (1968), III (1972) e IV (1976) daFlora Europaea, que abrangem o estudo da sistemática de 11 géneros, pertencentes às Boraginaceae, Compositae, Labiatae, Malvaceae e Scrophulariaceae.
Quanto aos estudos taxonómicos referentes à flora africana, publicou (1954-2000), 80 trabalhos, em revistas e obras como: Conspectus Florae Angolensis, Garcia de Orta, Flora de Moçambique e Flora Zambesiaca. São de citar, entre outros, os seus estudos taxonómicos sobre as Melastomataceae, Verbenaceae, Labiatae, Anacardiaceae e Curcubitaceae.
No que respeita à Etnobotânica e à História da Botânica, são de destacar, respectivamente, os artigos que publicou sobre a Botânica na poesia popular e na heráldica de Portugal; aqueles que editou sobre as viagens de Manuel Galvão da Silva em Moçambique e sobre a história botânica da melancia e da gila.
Rosette Batarda Fernandes faleceu a 28 de Maio de 2005, com 88 anos de idade. Dos últimos trabalhos que elaborou, foram publicados na Flora Zambesiaca e já depois do seu falecimento, os tratamentos taxonómicos das Avicenniaceae, Verbenaceae e Lamiaceae.